30 minutos
4 porções
Fácil
250 kcal
Ingredientes
- 1 xícara (chá) de trigo sarraceno cru (kasha)
- 2 xícaras (chá) de água ou caldo de legumes
- 1 colher (sopa) de manteiga (ou azeite de oliva)
- 1/2 colher (chá) de sal
- 1/2 cebola pequena picada (opcional)
- Pimenta do reino a gosto (opcional)
Modo de Preparo
- Lave o trigo sarraceno: Coloque o trigo sarraceno em uma peneira fina e lave-o em água corrente. Escorra bem e reserve.
- Toste o trigo sarraceno (opcional, mas recomendado): Em uma panela média, derreta a manteiga (ou aqueça o azeite) em fogo médio. Adicione o trigo sarraceno e mexa constantemente por 3 a 5 minutos, até que os grãos fiquem levemente dourados e exalem um aroma de nozes. Este passo intensifica o sabor da kasha.
- Refogue os temperos (opcional): Se desejar, adicione a cebola picada à panela e refogue por mais 2 minutos, até ficar transparente.
- Cozinhe a kasha: Adicione a água (ou caldo) e o sal à panela. Misture bem, aumente o fogo e deixe ferver. Assim que ferver, reduza o fogo para o mínimo, tampe a panela e cozinhe por cerca de 15 a 20 minutos, ou até que todo o líquido tenha sido absorvido e os grãos estejam macios, mas firmes.
- Descanse e sirva: Desligue o fogo e deixe a panela tampada por mais 5 a 10 minutos para que os grãos terminem de cozinhar no vapor. Solte os grãos com um garfo antes de servir. Sirva quente, temperado com pimenta do reino a gosto e mais um pedacinho de manteiga, se desejar.
Dicas do Chef
- Para uma Kasha mais saborosa, substitua a água por caldo de legumes, frango ou carne.
- Se preferir uma textura mais cremosa, adicione um pouco de leite ou creme de leite ao final do cozimento.
- Para a versão doce, cozinhe o trigo sarraceno com leite em vez de água e adicione açúcar, mel, frutas secas ou frescas e nozes. Sirva no café da manhã.
- Evite mexer a kasha durante o cozimento, pois isso pode liberar amido e deixar o prato "pastoso" em vez de grãos soltos.
A História Milenar da Kasha: O Coração da Culinária Eslava
A Kasha, um prato de grãos cozidos que se assemelha a um mingau ou pilaf, é um dos alimentos mais antigos e reverenciados da Europa Oriental. Para russos, ucranianos, poloneses e judeus ashkenazi, a Kasha transcende a função de simples refeição; ela é um símbolo de conforto, nutrição e identidade cultural. O nome “kasha” (pronuncia-se ‘cá-cha’) é um termo eslavo que se refere a qualquer tipo de mingau de grãos, mas o prato mais emblemático e popular é feito com trigo sarraceno, conhecido em russo como grechka.
A história da Kasha remonta a séculos de cultivo de trigo sarraceno, um pseudocereal robusto e nutritivo que prosperava nos climas frios e solos pobres do Leste Europeu. O trigo sarraceno chegou à Rússia e aos países vizinhos através de rotas comerciais da Ásia Central e do Oriente Médio, tornando-se rapidamente um alimento básico na dieta dos camponeses. Sua resiliência e a facilidade de armazenamento o tornaram um pilar da sobrevivência durante os longos e rigorosos invernos da região.
Mais do que Comida, um Símbolo Cultural
A importância da Kasha na cultura eslava é tão profunda que ela aparece em provérbios, contos de fadas e tradições. Um dos ditados russos mais famosos é “Shchi na kasha – picha nasha”, que significa “Sopa de repolho e kasha são a nossa comida”. Isso demonstra a centralidade do prato na alimentação diária. Na Idade Média, a palavra “kasha” era frequentemente usada como sinônimo de “festa” ou “banquete”. Crônicas antigas relatam que o príncipe Alexander Nevsky, no século XIII, organizou uma grande “kasha” para celebrar um evento importante, indicando que o prato era digno de ocasiões festivas e não apenas de refeições cotidianas.
A Kasha também desempenhava um papel cerimonial em casamentos e batizados. Uma tradição notável é a Kutya, uma versão doce da kasha feita com trigo, mel, nozes e sementes de papoula, servida como prato principal nas ceias de Natal e em funerais. Essa dualidade entre o prato camponês e o alimento festivo mostra sua versatilidade e seu significado profundo na vida das pessoas.
A Kasha Judaica e a Diáspora
Na culinária judaica ashkenazi, a Kasha (ou Kasha Varnishkes) é um prato clássico que combina o trigo sarraceno com macarrão de gravata borboleta (farfalle) e cebolas caramelizadas. A Kasha Varnishkes é um exemplo da adaptação cultural do prato, que se tornou um símbolo de conforto e tradição para as comunidades judaicas do Leste Europeu, sendo frequentemente servido no Shabat e em feriados.
A Kasha também se tornou um alimento de conforto em momentos de crise. Há relatos curiosos de que, durante períodos de escassez ou instabilidade econômica na Rússia, as pessoas corriam para estocar trigo sarraceno, transformando-o em um item de primeira necessidade, quase tão valioso quanto o papel higiênico em outras culturas.
Dicas de Expert e Variações Modernas
Embora a receita clássica seja simples, a Kasha moderna permite inúmeras variações. A chave para um bom Kasha é o cozimento correto, que deve resultar em grãos soltos e macios. O segredo está na proporção de líquido (geralmente 2 para 1) e em não mexer o grão durante o cozimento, permitindo que o vapor faça seu trabalho. O passo de tostar o trigo sarraceno (como na receita apresentada) é essencial para realçar seu sabor de nozes e evitar que fique com gosto amargo.
Para quem busca inovar, a Kasha pode ser transformada em um prato gourmet. Experimente servi-la com cogumelos salteados, cebolas caramelizadas, ou como base para um bowl de café da manhã com iogurte, frutas e mel. Seja na sua forma tradicional e humilde ou em uma versão mais elaborada, a Kasha continua a ser uma refeição nutritiva e reconfortante, conectando gerações e culturas através do sabor do trigo sarraceno.









